Associação Nacional de Transportes Públicos publicou em suas redes sociais uma cartilha que mostra o caminho para melhorar o transporte público das cidades
ELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO Passageiros aguardam ônibus no Terminal Parque Dom Pedro, região central de São Paulo
Enquanto assistia ao debate dos candidatos às eleições municipais deste ano, lembrei-me que pela manhã, molhada por uma garoa fina, persistente, chata, tomei o ônibus. Espremida, só pensava no porquê eu havia esquecido a máscara em casa. Estava atrasado, desconfortável, não via a hora de chegar ao destino e esquecer dos solavancos que só quem mora na cidade de São Paulo conhece bem. Leito carroçável, para mim, parece ser uma boa expressão para designar aquele monte de crateras lunares em que mesmo os motoristas mais experientes não conseguem desviar, obrigando passageiros a literalmente “dançar” conforme o movimento do carro.
Será que, em algum momento, o transporte público poderá ser tratado pelos técnicos municipais, prefeitos e vereadores como um serviço público que vai além do mero ir e vir, proporcionando uma experiência positiva para todos? Imaginemos uma cidade em que o ônibus não seja sinônimo de espera interminável, superlotação ou insegurança, mas, sim, de conforto, rapidez e acessibilidade. Essa é a experiência que muitos de nós, passageiros de ônibus, desejamos ter. Por que não cobrar dos candidatos à prefeitura e à Câmara municipal de sua cidade ações que atendam às necessidades diárias daqueles que utilizam ônibus para se locomover para o trabalho, escola, casa e para o seu lazer?
Recentemente, a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) publicou em suas redes sociais uma cartilha que mostra aos candidatos o caminho para melhorar o transporte público de suas cidades. Uma pesquisa séria, realizada com dados provenientes de estudos com a participação do público envolvido e que teve o apoio de diversas entidades relacionadas ao setor de transporte de pessoas e que acabou recebendo um nome sugestivo: “Como Ganhar Eleições: Transporte Público de Qualidade Para o Cidadão”.
Quem nunca ficou esperando por um ônibus que parece nunca chegar? Isso acontece porque muitas vezes a oferta de transporte não acompanha a demanda da população. A solução para isso é uma gestão eficiente, que revise e atualize constantemente o planejamento do sistema de transporte. Isso inclui o uso de sistemas inteligentes (semana passada escrevi sobre a questão do uso de ferramentas de inteligência artificial e melhor gestão de dados complexos) que ajudam a controlar a operação, integrando diferentes modos de transporte e capacitando as equipes. Menos “achismo” e mais “gestão técnica”. Quando a oferta é insuficiente, é necessário planejar e investir na expansão da rede de transporte. Não adianta atender apenas as áreas centrais. Outras formas de locomoção e transporte precisam ser pensadas para atender a população local. Ouçam os usuários! E não podemos esquecer da renovação da frota de ônibus em toda a cidade, que precisa ser moderna e adequada às necessidades das pessoas. Veículos menos poluentes, com certificações internacionais (Euro 6, com alta eficiência energética e baixo consumo de combustível, como escrevi anteriormente), também contribuem para a descarbonização do planeta.
Segurança é uma preocupação constante. Andar de ônibus não deveria ser uma experiência estressante, marcada pelo medo de assaltos. Uma medida eficaz é substituir o dinheiro por sistemas de bilhetagem eletrônica, desestimulando roubos. O monitoramento através de câmeras nos veículos e em paradas, terminais e estações, aliado ao policiamento reforçado, pode trazer mais tranquilidade. A cartilha sugere também uma infraestrutura mais iluminada nas paradas e terminais, ajudando a aumentar a sensação de segurança, além de campanhas educativas contra o vandalismo e assédio, especialmente para proteger as mulheres.
E o conforto? Vamos cobrar dos candidatos? Ele é essencial e precisa ser cobrado, sim! Já que o usuário em muitos casos chega a ficar três horas dentro do ônibus por dia, quando não mais, é preciso que tenha, no mínimo, ar-condicionado funcionando nas tardes escaldantes que vem por aí graças aos efeitos relacionados às mudanças climáticas. Com wifi instalado, e com boa velocidade. Afinal, é neste tempo que as pessoas leem, assistem às suas séries favoritas ou simplesmente ouvem o noticiário. Precisam estar equipados com assentos que não deixem suas costas implorando por uma sessão de quiropraxia. Pois é, isso também é possível. Tem que cobrar. A renovação da frota com veículos modernos não é apenas um luxo, mas uma obrigação.
O tempo é outro fator crítico. Ele é o bem mais precioso que um ser humano pode ter. Ou deveria ter disponível. Ninguém gosta de passar horas preso num trânsito caótico. Haja saúde mental! Os planos de mobilidade previstos pela Lei 12.587, que instituiu a Política Nacional de Mobilidade Urbana para integrar e melhorar os transportes de pessoas e cargas nos municípios desde 2012, obriga municípios a instituírem Planos de Mobilidade Urbana organizando a integração dos diferentes modos de transporte, otimizando rotas com metrôs, trens, VLTs, BRTs, ônibus urbanos e até bicicletas. Dar prioridade aos veículos coletivos, com faixas exclusivas e corredores de ônibus, é fundamental para aumentar a eficiência. Gerar ciclovias seguras, cuidar das calçadas, manter as vias em bom estado, reduzir o número de cruzamentos e sincronizar semáforos, incluindo pedestres, são medidas simples que podem fazer uma grande diferença nas nossas vidas. Um sistema de transporte público bem-planejado e eficiente não só reduz o tempo de deslocamento, mas também torna a experiência de viagem mais agradável e menos estressante para todos.
E o preço? Muitas vezes, o valor da passagem pesa no bolso do trabalhador. A adoção de tarifas sociais, que reduzam o custo para passageiros de menor renda através de gratuidades, descontos e subsídios, é uma saída. Em alguns casos, até a tarifa zero pode ser implantada gradualmente. Dezenas de cidades no Brasil já adotaram essa medida. E os resultados vem surpreendendo. Para além de viabilizar a locomoção de várias pessoas, a medida tem impactado a economia. O financiamento pode vir de subsídios públicos e de fontes de receitas extra tarifarias, além da desoneração dos tributos que incidem sobre o transporte público, para que o custo não recaia sobre as tarifas. Resumindo, é preciso que os candidatos utilizem o transporte público coletivo como meio de locomoção diária, como vários prefeitos de cidades mundo afora o fazem, sem a companhia de seguranças armados até os dentes de preferência. Peguem o busão na hora do rush todos os dias e vivenciem os problemas.
O acesso ao transporte também precisa ser fácil para todos. A adoção das normas de acessibilidade relacionadas ao desenho universal não apenas facilita a viagem daqueles que têm mobilidade reduzida, mas permitem segurança e conforto a todos. Melhorar a infraestrutura para embarque e desembarque, construir e manter calçadas, rampas, passarelas, faixas e semáforos para pedestres são passos importantes para garantir que todos possam usar o transporte público sem dificuldades.
Finalmente, a informação é um direito de todos. Melhorar a comunicação com o passageiro, criando canais de atendimento ao consumidor e realizando pesquisas de opinião, é essencial. Canais digitais e aplicativos podem informar sobre horários e rotas de maneira ágil, evitando que as pessoas fiquem esperando desnecessariamente. Transparência no serviço, com melhor comunicação e prestação de contas, também é crucial para manter a confiança da população. As sugestões apresentadas pela cartilha da ANTP aos prefeitos, são objetivas e dependem apenas de vontade política para a sua implementação. Vamos cobrar dos candidatos?
Tem alguma dúvida ou quer sugerir um tema? Escreva para mim no Twitter ou no Instagram: @helenadegreas.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
O pontífice também disse orar ‘para que eles temam o julgamento da consciência, da história e de Deus, e convertam seus olhos e corações, sempre colocando o bem comum em primeiro lugar’
GIUSEPPE LAMI/EFE/EPA O papa acrescentou que ‘a Europa precisa da Bélgica para levar adiante o caminho da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem’
O papa Francisco advertiu nesta sexta-feira (27) que “estamos próximos de uma quase guerra mundial” e espera que “aqueles que governam saibam assumir sua responsabilidade, o risco e a honra da paz”, durante seu discurso a autoridades belgas no Castelo de Laeken, em seu primeiro ato oficial na Bélgica. “Rezo para que os líderes das nações, ao olharem para a Bélgica e sua história, aprendam com ela e, assim, salvem seu povo de catástrofes intermináveis e luto incontável. Rezo para que aqueles que governam saibam assumir sua responsabilidade, o risco e a honra da paz, e saibam afastar o perigo, a ignomínia e o absurdo da guerra”, afirmou.
O pontífice também disse orar “para que eles temam o julgamento da consciência, da história e de Deus, e convertam seus olhos e corações, sempre colocando o bem comum em primeiro lugar”. Diante do rei belga Philippe e da rainha Mathilde e do primeiro-ministro em exercício, Alexander De Croo, com quem se reuniu nesta sexta-feira, o papa desejou que a Bélgica seja “uma ponte, portanto, indispensável para construir a paz e repudiar a guerra”. “Essa é a dimensão da pequena Bélgica. Você entende a necessidade da Europa de se lembrar de sua história, composta de povos e culturas, de catedrais e universidades, das conquistas da engenhosidade humana, mas também de tantas guerras e de um desejo de dominar que às vezes se transformou em colonialismo e exploração”, lembrou.
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O papa acrescentou que “a Europa precisa da Bélgica para levar adiante o caminho da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem”, especialmente “se as fronteiras e os tratados começarem a ser desrespeitados, e o direito de criar leis for deixado às armas, subvertendo a lei existente, a caixa de Pandora será aberta e todos os ventos começarão a soprar violentamente, batendo contra a casa e ameaçando destruí-la”. O líder religioso pediu “ações culturais, sociais e políticas constantes e oportunas que sejam corajosas e prudentes e que excluam um futuro no qual a ideia e a prática da guerra, com suas consequências catastróficas, sejam novamente uma opção viável”.
*Com informações da EFE Publicado por Marcelo Bamonte
Vítima foi encontrada em um muro no quintal da casa de Lourival Correa Netto Fadiga, que trabalhava para a família da vítima e confessou ter cometido o crime
Quase sete meses após o seu desaparecimento, o corpo da advogada Anic de Almeida Peixoto Herdy foi encontrado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na quarta-feira (25) em Petrópolis, na região serrana do Rio. O corpo de Anic foi identificado por meio de exame odontológico, feito por peritos do Instituto Médico Legal do Rio e cujo resultado foi divulgado pela Polícia Civil nesta quinta-feira (26). Ele estava concretado em um muro no quintal da casa de Lourival Correa Netto Fadiga, que trabalhava para a família da vítima e confessou ter cometido o crime.
Em entrevista à TV Record, a advogada de Fadiga, Flávia Froes, afirmou que a morte de Anic foi planejada em conjunto pelo seu cliente e pelo marido da vítima, Benjamin Cordeiro Herdy, e que o sequestro era uma forma de encobrir o homicídio. O motivo do crime seria uma questão familiar, disse a advogada. A defesa de Benjamin Herdy nega que ele tenha participado do crime e classificou a confissão de Fadiga como “um ato de desespero e crueldade”.
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Anic tinha 54 anos, era advogada, estudante de Psicologia e casada com Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, herdeiro de uma família que foi proprietária de um importante grupo educacional no Rio. O casal vivia em Petrópolis, na serra fluminense. Ela foi vista pela última vez em 29 de fevereiro saindo de um shopping de Petrópolis. Câmeras de vigilância do estabelecimento mostraram que ela parou o carro no estacionamento, trocou mensagens por celular e, minutos depois, saiu do centro comercial, atravessando uma rua. No mesmo dia, Benjamin recebeu mensagem no celular informando que Anic havia sido sequestrada. As mensagens, enviadas do próprio celular da advogada, também traziam ameaças contra ela. Os sequestradores pediram R$ 4,6 milhões como resgate e orientaram o marido a não avisar a polícia.
O caso só foi informado à polícia 14 dias depois, por uma filha, e passou a ser investigado pela 105ª DP (Petrópolis). Àquela altura, o montante pedido pelos supostos sequestradores já havia sido pago e um áudio de conversa de telefone entre Benjamin e Lourival foi gravado pela filha. Quatro suspeitos foram presos, incluindo Lourival, que seria um homem de confiança da família e o mandante do crime. Ele se apresentava como policial federal, mas, segundo as investigações, nunca integrou os quadros da corporação. Além dele, um casal de filhos e uma mulher com quem ele teria um caso também foram presos. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) apresentou denúncia contra os suspeitos. Os investigadores tiveram acesso aos telefones de todos os envolvidos e cruzaram dados de localização do dia do sequestro e do pagamento dos resgates.
Segundo mostrou o Fantástico, da TV Globo, foi possível comprovar que Lourival não esteve em uma favela para supostamente pagar os criminosos – mas sim em uma concessionária na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde comprou uma caminhonete avaliada em R$ 500 mil e uma moto. Também adquiriu 950 aparelhos celulares, que foram levados a uma loja da família. Os filhos estiveram na concessionária com o pai, e a mulher chegou a viajar a Foz do Iguaçu, no Paraná, para resolver pendências relativas à aquisição dos celulares. Os três também teriam ajudado a ocultar os valores do resgate.
*Com informações do Estadão Conteúdo Publicado por Marcelo Bamonte