Presidente argentino será representado pela chanceler Diana Mondino na Cúpula do Mercosul, no dia 8/7; Itamaraty evitou comentar a vinda de Milei a Santa Catarina para um evento com opositores
TOMAS CUESTA/POOL/AFP Na campanha eleitoral, Milei chegou a ameaçar retirar a Argentina do Mercosul, que chegou a considerar como bloco de ‘má qualidade
O Ministério das Relações Exteriores informou, nesta quarta-feira (3), que o governo brasileiro não recebeu nenhuma informação oficial, da Argentina, sobre a viagem do presidente Javier Milei ao Brasil, no próximo fim de semana. O Itamaraty evitou comentar as consequências políticas da vinda do chefe de Estado a Santa Catarina, com objetivo de participar de um evento político de opositores e se reunir com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Milei deve ignorar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita, em mais um gesto que interrompe uma tentativa das chancelarias dos dois países de obter uma reunião entre eles e criar canais para uma relação mais pragmática. “Em relação à presença eventual do presidente Milei ao Brasil, não temos nenhuma confirmação oficial. Não posso sequer comentar”, disse a embaixadora Gisela Padovan, em entrevista a jornalistas.
O Itamaraty costuma ser avisado nesses casos. Por protocolo, quando um chefe de Estado viaja a outro país em avião próprio os governos trocam informações diplomáticas e militares. Além do aviso, são compartilhados dados da rota, o plano de voo, para coordenação da entrada no espaço áero, controlado no Brasil pela Aeronáutica. Em caso similar, o presidente argentino voou à Espanha, em meio a uma crise diplomática com o governo do socialista Pedro Sánchez, sem ter qualquer contato com ele. Na ocasião, a embaixada argentina enviou uma nota verbal para avisar da viagem.
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A Embaixada da Argentina em Brasília disse não ter informações oficiais sobre a viagem de Milei. A Força Aérea Brasileira ainda não respondeu se recebeu detalhes de eventual plano de voo. Milei chegou a usar voos operados por linhas aéreas comerciais, no início do mandato, sob o argumento de corte de gastos. Depois, alegou razões de segurança e passou a voar em avião próprio da Presidência Argentina, como os antecessores. Segundo o jornal Clarín, no entanto, a aeronave presidencial do país entrou em rotina de manutenção e não estará disponível por meses
A Casa Rosada disse, nesta terça-feira (2), que Milei tem viajado preferencialmente no avião da Força Aérea argentina, mas que o convite da organização do CPAC, a cargo do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), cobre os custos de uma viagem particular, em voo de carreira. Por fim, o governo argentino deixou em aberto os detalhes e ainda não confirmou qual será a opção de viagem do presidente Milei para vir a Santa Catarina. Existem voos diários conectando Buenos Aires ao Estado, e ele poderá usar ainda outra aeronave militar do país.
“Não me compete comentar declarações do presidente de outro país, nem do meu presidente”, disse a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe no Itamaraty. “Nós trabalhamos para que as relações com a Argentina continuem sendo o que sempre foram, de dois países parceiros, dois países com interesses enormes, as duas economias, as duas populações, com integração em múltiplos setores estratégicos, nuclear, espacial, defesa. É isso que a gente busca preservar.”
Mercosul
A chancelaria brasileira lamentou a ausência de Milei na Cúpula do Mercosul, na próxima segunda-feira (8), em Assunção, Paraguai. Ele será representado pela chanceler Diana Mondino. Essa seria a primeira cúpula de Milei no bloco, desde sua chegada ao poder, mas ele preferiu ficar marcado como o primeiro presidente argentino ausente, conforme registros do Itamaraty. Os embaixadores que lideram os preparativos da delegação brasileira disseram que será a primeira vez que um presidente argentino falta à reunião de chefes de Estado do bloco. Há exatos dois anos, o ex-presidente Jair Bolsonaro ausentou-se da cúpula, na ocasião também realizada em Assunção.
“Em relação à ausência do presidente Milei, a gente lamenta. É a primeira vez que isso acontece, e não é desejável. Mas o Mercosul tem a vantagem de ser um mecanismo muito consolidado, tem 33 anos de história, mais 3,8 mil decisões. Em termos de substância, a cúpula acontecerá, a chanceler Mondino representará a Argentina e assinaremos o que temos de assinar. Não altera em nada a substância da cúpula. As declarações serão feitas e esperamos dar as boas-vindas à Bolívia, fazer a melhor cúpula possível. Mas politicamente, claro, é lamentável que um presidente deicida não ir, ainda com parceiros de um agrupmaneto tão importante. A decisão é soberada e cada país faz a sua política externa.”
Na campanha eleitoral, Milei chegou a ameaçar retirar a Argentina do Mercosul. Ele disse considerar o bloco de “má qualidade” e afirmou que cria “distorções comerciais” e ser prejudicial aos países membros. Depois, integrantes do governo entraram em cena e até agora mantiveram participação ativa, mas a ausência de Milei é um claro sinal de falta de prioridade política.
Segundo o Itamaraty, o principal fato da reunião de líderes que terá a presença de Lula, no dia 8, no Paraguai será a comunicação oficial de adesão da Bolívia. Em etapa interna, o Senado boliviano vota nesta quarta-feira o protocolo de adesão. Após aprovado, ele será levado a Assunção pelo presidente Luis Arce, em gesto que simboliza a entrada do país. A partir de então, a Bolívia terá um prazo de quatro anos para concluir o processo, adequando-se aos acordos internos do Mercosul.
O pontífice também disse orar ‘para que eles temam o julgamento da consciência, da história e de Deus, e convertam seus olhos e corações, sempre colocando o bem comum em primeiro lugar’
GIUSEPPE LAMI/EFE/EPA O papa acrescentou que ‘a Europa precisa da Bélgica para levar adiante o caminho da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem’
O papa Francisco advertiu nesta sexta-feira (27) que “estamos próximos de uma quase guerra mundial” e espera que “aqueles que governam saibam assumir sua responsabilidade, o risco e a honra da paz”, durante seu discurso a autoridades belgas no Castelo de Laeken, em seu primeiro ato oficial na Bélgica. “Rezo para que os líderes das nações, ao olharem para a Bélgica e sua história, aprendam com ela e, assim, salvem seu povo de catástrofes intermináveis e luto incontável. Rezo para que aqueles que governam saibam assumir sua responsabilidade, o risco e a honra da paz, e saibam afastar o perigo, a ignomínia e o absurdo da guerra”, afirmou.
O pontífice também disse orar “para que eles temam o julgamento da consciência, da história e de Deus, e convertam seus olhos e corações, sempre colocando o bem comum em primeiro lugar”. Diante do rei belga Philippe e da rainha Mathilde e do primeiro-ministro em exercício, Alexander De Croo, com quem se reuniu nesta sexta-feira, o papa desejou que a Bélgica seja “uma ponte, portanto, indispensável para construir a paz e repudiar a guerra”. “Essa é a dimensão da pequena Bélgica. Você entende a necessidade da Europa de se lembrar de sua história, composta de povos e culturas, de catedrais e universidades, das conquistas da engenhosidade humana, mas também de tantas guerras e de um desejo de dominar que às vezes se transformou em colonialismo e exploração”, lembrou.
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O papa acrescentou que “a Europa precisa da Bélgica para levar adiante o caminho da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem”, especialmente “se as fronteiras e os tratados começarem a ser desrespeitados, e o direito de criar leis for deixado às armas, subvertendo a lei existente, a caixa de Pandora será aberta e todos os ventos começarão a soprar violentamente, batendo contra a casa e ameaçando destruí-la”. O líder religioso pediu “ações culturais, sociais e políticas constantes e oportunas que sejam corajosas e prudentes e que excluam um futuro no qual a ideia e a prática da guerra, com suas consequências catastróficas, sejam novamente uma opção viável”.
*Com informações da EFE Publicado por Marcelo Bamonte
Vítima foi encontrada em um muro no quintal da casa de Lourival Correa Netto Fadiga, que trabalhava para a família da vítima e confessou ter cometido o crime
Quase sete meses após o seu desaparecimento, o corpo da advogada Anic de Almeida Peixoto Herdy foi encontrado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na quarta-feira (25) em Petrópolis, na região serrana do Rio. O corpo de Anic foi identificado por meio de exame odontológico, feito por peritos do Instituto Médico Legal do Rio e cujo resultado foi divulgado pela Polícia Civil nesta quinta-feira (26). Ele estava concretado em um muro no quintal da casa de Lourival Correa Netto Fadiga, que trabalhava para a família da vítima e confessou ter cometido o crime.
Em entrevista à TV Record, a advogada de Fadiga, Flávia Froes, afirmou que a morte de Anic foi planejada em conjunto pelo seu cliente e pelo marido da vítima, Benjamin Cordeiro Herdy, e que o sequestro era uma forma de encobrir o homicídio. O motivo do crime seria uma questão familiar, disse a advogada. A defesa de Benjamin Herdy nega que ele tenha participado do crime e classificou a confissão de Fadiga como “um ato de desespero e crueldade”.
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Anic tinha 54 anos, era advogada, estudante de Psicologia e casada com Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, herdeiro de uma família que foi proprietária de um importante grupo educacional no Rio. O casal vivia em Petrópolis, na serra fluminense. Ela foi vista pela última vez em 29 de fevereiro saindo de um shopping de Petrópolis. Câmeras de vigilância do estabelecimento mostraram que ela parou o carro no estacionamento, trocou mensagens por celular e, minutos depois, saiu do centro comercial, atravessando uma rua. No mesmo dia, Benjamin recebeu mensagem no celular informando que Anic havia sido sequestrada. As mensagens, enviadas do próprio celular da advogada, também traziam ameaças contra ela. Os sequestradores pediram R$ 4,6 milhões como resgate e orientaram o marido a não avisar a polícia.
O caso só foi informado à polícia 14 dias depois, por uma filha, e passou a ser investigado pela 105ª DP (Petrópolis). Àquela altura, o montante pedido pelos supostos sequestradores já havia sido pago e um áudio de conversa de telefone entre Benjamin e Lourival foi gravado pela filha. Quatro suspeitos foram presos, incluindo Lourival, que seria um homem de confiança da família e o mandante do crime. Ele se apresentava como policial federal, mas, segundo as investigações, nunca integrou os quadros da corporação. Além dele, um casal de filhos e uma mulher com quem ele teria um caso também foram presos. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) apresentou denúncia contra os suspeitos. Os investigadores tiveram acesso aos telefones de todos os envolvidos e cruzaram dados de localização do dia do sequestro e do pagamento dos resgates.
Segundo mostrou o Fantástico, da TV Globo, foi possível comprovar que Lourival não esteve em uma favela para supostamente pagar os criminosos – mas sim em uma concessionária na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde comprou uma caminhonete avaliada em R$ 500 mil e uma moto. Também adquiriu 950 aparelhos celulares, que foram levados a uma loja da família. Os filhos estiveram na concessionária com o pai, e a mulher chegou a viajar a Foz do Iguaçu, no Paraná, para resolver pendências relativas à aquisição dos celulares. Os três também teriam ajudado a ocultar os valores do resgate.
*Com informações do Estadão Conteúdo Publicado por Marcelo Bamonte