Relatório alerta que o planeta tem quase o triplo de pessoas deslocadas em relação a 2012 e a quantidade atual é equivalente à população do Japão
AFP Mundo registrou o recorde de 120 milhões de pessoas deslocadas à força em consequência dos conflitos em Gaza, no Sudão e em Mianmar
O mundo registrou o recorde de 120 milhões de pessoas deslocadas à força até o fim de abril de 2024, alertou a ONU nesta quinta-feira (13), um número que não para de aumentar devido às guerras, violência e perseguições. Os deslocamentos forçados no mundo aumentaram pelo 12º ano consecutivo, uma consequência dos conflitos em Gaza, no Sudão e em Mianmar, afirmou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em seu relatório anual. “A guerra continua sendo o motor dos deslocamentos em massa”, explicou o diretor do Acnur, Filippo Grandi, em uma entrevista coletiva em Genebra. O aumento da estatística é acelerado: há alguns meses, no final de 2023, o número de deslocados era de 117,3 milhões, número que já superava o resultado de 2022 em 10 milhões de pessoas. O planeta tem quase o triplo de pessoas deslocadas que o número registrado em 2012 e a quantidade atual é equivalente à população do Japão, alerta o relatório.
Venezuela, terceiro país com mais exilados
O Acnur destaca que 23 milhões destas pessoas estão nas Américas, onde acontecem “movimentos mistos de pessoas refugiadas e migrantes sem precedentes, frequentemente ao longo de rotas extremamente perigosas”. O Alto Comissariado, no entanto, registra avanços neste continente na adoção de “soluções para garantir a proteção, regularização e integração das pessoas em situação de deslocamento”. O relatório menciona os casos do Brasil, Colômbia, Peru e Equador, com “vastos programas de regularização para pessoas refugiadas e migrantes vulneráveis, garantindo documentação e acesso a serviços”.
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O diretor regional do Acnur para as Américas, José Samaniego, elogiou e estratégia adotada em muitos países “para abordar as causas profundas do deslocamento nos países de origem, para responder às necessidades humanitárias e de proteção das pessoas em trânsito e para fortalecer a proteção, inclusão e soluções nos países de destino e de retorno”. Os dados do relatório mostram que o número de venezuelanos deslocados no exterior aumentou em 2023 de 5,4 milhões para 6,1 milhões de pessoas, a maioria em outros países latino-americanos, como a Colômbia, que abriga 2,9 milhões de venezuelanos. O número deixa a Venezuela como o terceiro país com o maior número de deslocados no exterior no mundo, atrás apenas de Afeganistão e Síria, e à frente da Ucrânia.
“Desprezo” ao direito internacional
O aumento das crises é visível e as mudanças climáticas afetam o deslocamento das populações e os conflitos, segundo Filippo Grandi. No ano passado, o Acnur declarou 43 situações de emergência em 29 países, ou seja, quatro vezes mais do que era habitual há alguns anos, insistiu o diretor da agência. Grandi atribuiu o aumento à “forma como os conflitos acontecem, com um desprezo total” ao direito internacional e “muitas vezes com o objetivo concreto de aterrorizar a população”.”E, a menos que aconteça uma mudança na geopolítica internacional, infelizmente, minha previsão é de que este número continuará aumentando”, acrescentou. Do total registrado no fim 2023, 68,3 milhões de pessoas estavam deslocadas dentro do seu próprio país, afirma o relatório. O número de refugiados e pessoas que precisam de proteção internacional também aumento, a 43,4 milhões, segundo o Acnur.
No relatório, o Alto Comissariado tenta mais uma vez desmentir a falsa percepção de que os refugiados e outros migrantes se dirigem quase sempre para os países ricos. “A grande maioria dos refugiados é recebida em países vizinhos, com 75% residindo em países de renda baixa ou média”, afirma o documento. Grande parte do aumento do número de deslocados à força no mundo é provocado pela guerra civil no Sudão, iniciada em abril de 2023 e que causou a fuga de mais de nove milhões de pessoas. Os combates na República Democrática do Congo e em Mianmar também provocaram milhões de novos deslocados no último ano. Na Faixa de Gaza, a ONU calcula que 1,7 milhão de pessoas (75% da população do território) foram deslocadas pela guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas. A Síria prossegue como a maior crise do mundo neste sentido, com 13,8 milhões de pessoas deslocadas à força dentro ou fora do país, destaca o Acnur.
O pontífice também disse orar ‘para que eles temam o julgamento da consciência, da história e de Deus, e convertam seus olhos e corações, sempre colocando o bem comum em primeiro lugar’
GIUSEPPE LAMI/EFE/EPA O papa acrescentou que ‘a Europa precisa da Bélgica para levar adiante o caminho da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem’
O papa Francisco advertiu nesta sexta-feira (27) que “estamos próximos de uma quase guerra mundial” e espera que “aqueles que governam saibam assumir sua responsabilidade, o risco e a honra da paz”, durante seu discurso a autoridades belgas no Castelo de Laeken, em seu primeiro ato oficial na Bélgica. “Rezo para que os líderes das nações, ao olharem para a Bélgica e sua história, aprendam com ela e, assim, salvem seu povo de catástrofes intermináveis e luto incontável. Rezo para que aqueles que governam saibam assumir sua responsabilidade, o risco e a honra da paz, e saibam afastar o perigo, a ignomínia e o absurdo da guerra”, afirmou.
O pontífice também disse orar “para que eles temam o julgamento da consciência, da história e de Deus, e convertam seus olhos e corações, sempre colocando o bem comum em primeiro lugar”. Diante do rei belga Philippe e da rainha Mathilde e do primeiro-ministro em exercício, Alexander De Croo, com quem se reuniu nesta sexta-feira, o papa desejou que a Bélgica seja “uma ponte, portanto, indispensável para construir a paz e repudiar a guerra”. “Essa é a dimensão da pequena Bélgica. Você entende a necessidade da Europa de se lembrar de sua história, composta de povos e culturas, de catedrais e universidades, das conquistas da engenhosidade humana, mas também de tantas guerras e de um desejo de dominar que às vezes se transformou em colonialismo e exploração”, lembrou.
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O papa acrescentou que “a Europa precisa da Bélgica para levar adiante o caminho da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem”, especialmente “se as fronteiras e os tratados começarem a ser desrespeitados, e o direito de criar leis for deixado às armas, subvertendo a lei existente, a caixa de Pandora será aberta e todos os ventos começarão a soprar violentamente, batendo contra a casa e ameaçando destruí-la”. O líder religioso pediu “ações culturais, sociais e políticas constantes e oportunas que sejam corajosas e prudentes e que excluam um futuro no qual a ideia e a prática da guerra, com suas consequências catastróficas, sejam novamente uma opção viável”.
*Com informações da EFE Publicado por Marcelo Bamonte
Vítima foi encontrada em um muro no quintal da casa de Lourival Correa Netto Fadiga, que trabalhava para a família da vítima e confessou ter cometido o crime
Quase sete meses após o seu desaparecimento, o corpo da advogada Anic de Almeida Peixoto Herdy foi encontrado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na quarta-feira (25) em Petrópolis, na região serrana do Rio. O corpo de Anic foi identificado por meio de exame odontológico, feito por peritos do Instituto Médico Legal do Rio e cujo resultado foi divulgado pela Polícia Civil nesta quinta-feira (26). Ele estava concretado em um muro no quintal da casa de Lourival Correa Netto Fadiga, que trabalhava para a família da vítima e confessou ter cometido o crime.
Em entrevista à TV Record, a advogada de Fadiga, Flávia Froes, afirmou que a morte de Anic foi planejada em conjunto pelo seu cliente e pelo marido da vítima, Benjamin Cordeiro Herdy, e que o sequestro era uma forma de encobrir o homicídio. O motivo do crime seria uma questão familiar, disse a advogada. A defesa de Benjamin Herdy nega que ele tenha participado do crime e classificou a confissão de Fadiga como “um ato de desespero e crueldade”.
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Anic tinha 54 anos, era advogada, estudante de Psicologia e casada com Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, herdeiro de uma família que foi proprietária de um importante grupo educacional no Rio. O casal vivia em Petrópolis, na serra fluminense. Ela foi vista pela última vez em 29 de fevereiro saindo de um shopping de Petrópolis. Câmeras de vigilância do estabelecimento mostraram que ela parou o carro no estacionamento, trocou mensagens por celular e, minutos depois, saiu do centro comercial, atravessando uma rua. No mesmo dia, Benjamin recebeu mensagem no celular informando que Anic havia sido sequestrada. As mensagens, enviadas do próprio celular da advogada, também traziam ameaças contra ela. Os sequestradores pediram R$ 4,6 milhões como resgate e orientaram o marido a não avisar a polícia.
O caso só foi informado à polícia 14 dias depois, por uma filha, e passou a ser investigado pela 105ª DP (Petrópolis). Àquela altura, o montante pedido pelos supostos sequestradores já havia sido pago e um áudio de conversa de telefone entre Benjamin e Lourival foi gravado pela filha. Quatro suspeitos foram presos, incluindo Lourival, que seria um homem de confiança da família e o mandante do crime. Ele se apresentava como policial federal, mas, segundo as investigações, nunca integrou os quadros da corporação. Além dele, um casal de filhos e uma mulher com quem ele teria um caso também foram presos. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) apresentou denúncia contra os suspeitos. Os investigadores tiveram acesso aos telefones de todos os envolvidos e cruzaram dados de localização do dia do sequestro e do pagamento dos resgates.
Segundo mostrou o Fantástico, da TV Globo, foi possível comprovar que Lourival não esteve em uma favela para supostamente pagar os criminosos – mas sim em uma concessionária na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde comprou uma caminhonete avaliada em R$ 500 mil e uma moto. Também adquiriu 950 aparelhos celulares, que foram levados a uma loja da família. Os filhos estiveram na concessionária com o pai, e a mulher chegou a viajar a Foz do Iguaçu, no Paraná, para resolver pendências relativas à aquisição dos celulares. Os três também teriam ajudado a ocultar os valores do resgate.
*Com informações do Estadão Conteúdo Publicado por Marcelo Bamonte