Atacar o adversário para desestabilizá-lo e desqualificá-lo pode fazer parte do jogo, mas há limites que precisam ser respeitados
Reprodução/TV Cultura Algumas pessoas estão surpresas, perplexas e até assustadas com os entreveros dos últimos debates realizados dentro da corrida à Prefeitura de SP
O ideal em qualquer debate político seria ter os candidatos limitando-se à discussão de ideias, mantendo-se dentro das linhas do conteúdo e da mensagem elevada. Atacar o adversário para desestabilizá-lo e desqualificá-lo pode fazer parte do jogo, mas há limites que precisam ser respeitados. Terminado o embate, cada um recolhe os seus cacos e, vencendo ou perdendo o confronto, a briga termina ali.
Esse “comportamento republicano”, todavia, parece existir apenas em cenários utópicos. O meu querido professor de oratória Oswaldo Melantonio costumava citar Bernard Shaw: “Quando não tenho razão, eu grito”. E deixava escapar nas entrelinhas que o “grito” poderia fazer parte de um pacote que chegava a ultrapassar as fronteiras das palavras.
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Entreveros surpreendentes
Algumas pessoas estão surpresas, perplexas e até assustadas com os entreveros dos últimos debates realizados dentro da corrida à Prefeitura de São Paulo. Os ataques saíram do bate-boca, elevaram o tom e chegaram à agressão física. Nas décadas recentes esse comportamento não esteve presente nesses eventos. Quando muito um “cala boca!”.
Nem todos sabem, entretanto, que já houve na política brasileira muito mais que cadeiras arremessadas na cabeça do adversário. O Parlamento já foi palco de duelos com arma de fogo e morte. Foram momentos tristes da nossa história que pareciam ter ficado no passado, mas que agora ensaiam ressuscitar.
Tiroteio e morte no Parlamento
Um dos casos mais famosos ocorreu no dia 8 de junho de 1967 entre os deputados Estácio Souto Maior e Nelson Carneiro. Os dois trocaram tiros na Câmara dos Deputados devido a desavenças relacionadas à disputa pela presidência da União Interparlamentar. Nelson havia levado um tapa de Souto Maior. Pouco mais tarde houve revide, com Nelson baleando o desafeto. Este, mesmo ferido, atirou de volta. O fato curioso é que Souto Maior é pai do piloto Nelson Piquet.
Outro episódio que também ficou para a história ocorreu com o pai do ex-presidente Fernando Collor de Mello, o senador Arnon de Mello. Neste caso, com morte. No dia 4 de dezembro de 1963, o senador Arnon não gostou de um discurso proferido por outro senador, Silvestre Péricles. Por isso, sacou a arma e disparou contra ele. Péricles se jogou no chão e a bala não o atingiu. Mas o tiro acertou o senador José Kairala, que faleceu poucas horas depois.
E tem gente que apoia
Essa selvageria, essas atitudes animalescas que pareciam ter ficado nas páginas do passado, voltam agora como um pesadelo. E o pior é que alguns políticos tentam defender a cadeirada de um candidato contra o outro como sendo uma ação natural em resposta aos xingamentos que recebeu. E não só, por questões visivelmente ideológicas, parte da imprensa adota o mesmo discurso, tentando justificar o injustificável.
Em vez de deixar os interesses políticos de lado, e criticar esse destempero do candidato, alguns jornalistas começam a dar voltas com sua argumentação até encontrar um jeito de dizer que, diante de ofensas verbais como as que um dos candidatos foi vítima, a reação de jogar a cadeira no adversário teria sido normal. Esses comentários que não se sustentam podem servir de combustível para elevar ainda mais a temperatura que já começa a sair de controle.
Saber argumentar exige estudo e persistência
Estou acostumado com os políticos. Faz cinco décadas que os treino para falar em público. Cada um deles se dedica durante horas a fio ao domínio das técnicas de argumentação. É um estudo que exige disciplina, dedicação e boa vontade. Não é simples. Não é fácil. Não é para qualquer um. Quem não for persistente fica pelo caminho.
Houve casos em que, durante os exercícios simulados, apertei tanto determinados candidatos que se revoltaram contra mim, como se eu fosse um inimigo. Após acalmá-los, explicava que, se não conseguiam manter a calma e o equilíbrio comigo, que estava ali apenas para orientá-los, como reagiriam frente a um adversário muito mais implacável?
Instintos primitivos
Na maioria dos casos, funcionava bem. A repetição permite que o impacto da crítica e da ofensa seja naturalizado, e as reações podem ser mais controladas. De maneira geral, o que é feito no ensaio pode ser repetido na situação real.
Todos diziam ter aprendido como se comportar e reagir, mas na hora do embate não foram poucos os que deixaram a serenidade de lado e se perderam emocionalmente. O sangue quente era mais forte que a vontade de se controlar.
Talvez uma boa simulação do que os candidatos encontrariam no debate pudesse torná-los combativos, mas sem que fossem levados pelos “instintos mais primitivos”, como diria Roberto Jefferson. Siga pelo Instagram: @polito
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
O pontífice também disse orar ‘para que eles temam o julgamento da consciência, da história e de Deus, e convertam seus olhos e corações, sempre colocando o bem comum em primeiro lugar’
GIUSEPPE LAMI/EFE/EPA O papa acrescentou que ‘a Europa precisa da Bélgica para levar adiante o caminho da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem’
O papa Francisco advertiu nesta sexta-feira (27) que “estamos próximos de uma quase guerra mundial” e espera que “aqueles que governam saibam assumir sua responsabilidade, o risco e a honra da paz”, durante seu discurso a autoridades belgas no Castelo de Laeken, em seu primeiro ato oficial na Bélgica. “Rezo para que os líderes das nações, ao olharem para a Bélgica e sua história, aprendam com ela e, assim, salvem seu povo de catástrofes intermináveis e luto incontável. Rezo para que aqueles que governam saibam assumir sua responsabilidade, o risco e a honra da paz, e saibam afastar o perigo, a ignomínia e o absurdo da guerra”, afirmou.
O pontífice também disse orar “para que eles temam o julgamento da consciência, da história e de Deus, e convertam seus olhos e corações, sempre colocando o bem comum em primeiro lugar”. Diante do rei belga Philippe e da rainha Mathilde e do primeiro-ministro em exercício, Alexander De Croo, com quem se reuniu nesta sexta-feira, o papa desejou que a Bélgica seja “uma ponte, portanto, indispensável para construir a paz e repudiar a guerra”. “Essa é a dimensão da pequena Bélgica. Você entende a necessidade da Europa de se lembrar de sua história, composta de povos e culturas, de catedrais e universidades, das conquistas da engenhosidade humana, mas também de tantas guerras e de um desejo de dominar que às vezes se transformou em colonialismo e exploração”, lembrou.
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O papa acrescentou que “a Europa precisa da Bélgica para levar adiante o caminho da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem”, especialmente “se as fronteiras e os tratados começarem a ser desrespeitados, e o direito de criar leis for deixado às armas, subvertendo a lei existente, a caixa de Pandora será aberta e todos os ventos começarão a soprar violentamente, batendo contra a casa e ameaçando destruí-la”. O líder religioso pediu “ações culturais, sociais e políticas constantes e oportunas que sejam corajosas e prudentes e que excluam um futuro no qual a ideia e a prática da guerra, com suas consequências catastróficas, sejam novamente uma opção viável”.
*Com informações da EFE Publicado por Marcelo Bamonte
Vítima foi encontrada em um muro no quintal da casa de Lourival Correa Netto Fadiga, que trabalhava para a família da vítima e confessou ter cometido o crime
Quase sete meses após o seu desaparecimento, o corpo da advogada Anic de Almeida Peixoto Herdy foi encontrado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na quarta-feira (25) em Petrópolis, na região serrana do Rio. O corpo de Anic foi identificado por meio de exame odontológico, feito por peritos do Instituto Médico Legal do Rio e cujo resultado foi divulgado pela Polícia Civil nesta quinta-feira (26). Ele estava concretado em um muro no quintal da casa de Lourival Correa Netto Fadiga, que trabalhava para a família da vítima e confessou ter cometido o crime.
Em entrevista à TV Record, a advogada de Fadiga, Flávia Froes, afirmou que a morte de Anic foi planejada em conjunto pelo seu cliente e pelo marido da vítima, Benjamin Cordeiro Herdy, e que o sequestro era uma forma de encobrir o homicídio. O motivo do crime seria uma questão familiar, disse a advogada. A defesa de Benjamin Herdy nega que ele tenha participado do crime e classificou a confissão de Fadiga como “um ato de desespero e crueldade”.
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Anic tinha 54 anos, era advogada, estudante de Psicologia e casada com Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, herdeiro de uma família que foi proprietária de um importante grupo educacional no Rio. O casal vivia em Petrópolis, na serra fluminense. Ela foi vista pela última vez em 29 de fevereiro saindo de um shopping de Petrópolis. Câmeras de vigilância do estabelecimento mostraram que ela parou o carro no estacionamento, trocou mensagens por celular e, minutos depois, saiu do centro comercial, atravessando uma rua. No mesmo dia, Benjamin recebeu mensagem no celular informando que Anic havia sido sequestrada. As mensagens, enviadas do próprio celular da advogada, também traziam ameaças contra ela. Os sequestradores pediram R$ 4,6 milhões como resgate e orientaram o marido a não avisar a polícia.
O caso só foi informado à polícia 14 dias depois, por uma filha, e passou a ser investigado pela 105ª DP (Petrópolis). Àquela altura, o montante pedido pelos supostos sequestradores já havia sido pago e um áudio de conversa de telefone entre Benjamin e Lourival foi gravado pela filha. Quatro suspeitos foram presos, incluindo Lourival, que seria um homem de confiança da família e o mandante do crime. Ele se apresentava como policial federal, mas, segundo as investigações, nunca integrou os quadros da corporação. Além dele, um casal de filhos e uma mulher com quem ele teria um caso também foram presos. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) apresentou denúncia contra os suspeitos. Os investigadores tiveram acesso aos telefones de todos os envolvidos e cruzaram dados de localização do dia do sequestro e do pagamento dos resgates.
Segundo mostrou o Fantástico, da TV Globo, foi possível comprovar que Lourival não esteve em uma favela para supostamente pagar os criminosos – mas sim em uma concessionária na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde comprou uma caminhonete avaliada em R$ 500 mil e uma moto. Também adquiriu 950 aparelhos celulares, que foram levados a uma loja da família. Os filhos estiveram na concessionária com o pai, e a mulher chegou a viajar a Foz do Iguaçu, no Paraná, para resolver pendências relativas à aquisição dos celulares. Os três também teriam ajudado a ocultar os valores do resgate.
*Com informações do Estadão Conteúdo Publicado por Marcelo Bamonte