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Apesar de proibição, 29% admitem palmadas e beliscões em crianças

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Apesar de castigos físicos como palmadas, beliscões a apertos serem proibidos por lei, 29% das pessoas cuidadoras de crianças de até 6 anos admitem que utilizam esses métodos como estratégia de disciplina. Treze por cento reconhecem que fazem sempre.

A constatação está no levantamento Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida, lançado nesta segunda-feira (1º) pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

O estudo mostra que 17% dos cuidadores consideram esses atos uma forma eficaz de estratégia para a disciplina. Ou seja, 12% agridem mesmo sabendo que essa não é uma forma eficiente de educar.

A pesquisa foi realizada em parceria com o Instituto Datafolha e entrevistou 2.206 pessoas em todo o país, sendo 822 cuidadores de crianças de até 6 anos. O lançamento marca o Agosto Verde, período de mobilização sobre a importância da primeira infância.

Lei proíbe

Aqui no Brasil, há mais de dez anos a Lei Menino Bernardo, também conhecida como Lei da Palmada (Lei 13.010/2014), proíbe esses tipos de castigos físicos aplicados a crianças e adolescentes, com os autores das agressões podendo ser advertidos e encaminhados para cursos e programas de orientação.

A lei foi batizada dessa forma para lembrar a morte de Bernardo Boldrini, de 11 anos, vítima de agressões e morto pela madrasta e pelo pai, em Três Passos (RS), em abril de 2014.  

A diretora-executiva da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Mariana Luz, lamenta o percentual identificado pelo levantamento e considera que há repetição de um padrão cultural que não funciona como disciplinador.

“A gente é o país do ‘eu apanhei, sim, e estou aqui, sobrevivi’. A gente é o país que diz ‘quem pariu Mateus que embale’. A gente é o país que acha a criança inferior”, critica a diretora, em entrevista à Agência Brasil.

“Não ajuda e não resolve”, conclui, sobre os castigos físicos.

Consequências

A Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, uma organização da sociedade civil, reforça que nenhuma forma de violência contra crianças é inofensiva e cita efeitos negativos, como desenvolvimento de agressividade, ansiedade, depressão, além das marcas físicas. A pesquisa identificou ainda que 14% dos cuidadores admitem gritar e brigar com crianças.

Apesar dessas respostas associadas a comportamento repressivo, os métodos disciplinares mais citados foram: conversar e explicar o erro (96% dos entrevistados) e acalmar a criança e retirá-la do lugar/situação (93%).

Entre as pessoas que admitem comportamentos agressivos contra crianças, a maior parte (40%) acredita que uma consequência é “maior respeito pela autoridade e ensinar a criança a obedecer”.

Um terço de quem bate em crianças (33%) reconhece que um dos impactos é o comportamento agressivo; e um em cada cinco (21%) admite que a criança desenvolve baixo autoestima e falta de confiança.

“A violência, a palmada, as agressões, as violações de direitos, os abusos, as negligências são detratores direto do desenvolvimento” enfatiza Mariana Luz.

Ela constata também que ainda há na sociedade a percepção de que as pessoas acham que não devem intervir na educação dos filhos dos outros.

“Um cachorro você não agride em praça pública, porque alguém vai pegar o telefone e vai denunciar. Uma criança não, uma criança recebe um tapa, um berro, um beliscão dentro de um equipamento público e ninguém fala nada”, diz.

Primeira infância

Para Mariana Luz, outro dado do levantamento que chamou a atenção é o fato de 84% do universo pesquisado não saber que a primeira infância é a fase mais importante do desenvolvimento pessoal humano. Além disso, apenas 2% souberam dizer exatamente quando acontece a primeira infância.

A definição de primeira infância como a fase que vai até os 6 anos segue a legislação brasileira. Embora esse intervalo também seja adotado em outros países, podem existir variações.

“Todos os picos do desenvolvimento físico, motor, cognitivo, socioemocional acontecem nos primeiros seis anos de vida”, aponta Luz.

Ela cita que o cérebro de crianças nessa idade realiza 1 milhão de sinapses (comunicação entre neurônios, células do sistema nervoso) por segundo e 90% das conexões cerebrais são estabelecidas.

“Estudo após estudo, reiteradamente, traz as evidências de que são nos primeiros seis anos de vida que se estabelecem as bases físico, cognitivo e emocional”, fundamenta a diretora.

Apesar das evidências científicas, a pesquisa identificou que 41% dos entrevistados acham que é na vida adulta a fase que o ser humano mais se desenvolve. Para 25% é entre 12 e 17 anos.

Mariana acredita que é preciso um trabalho de conscientização para que a população saiba reconhecer e dar importância a esse período fundamental do desenvolvimento humano. 

“A terceira idade [idosos] hoje está super consolidada, mas houve uma época em que a gente também não tinha esse entendimento tão claro”, compara.

Mariana Luz cita estudos do economista americano James Heckman, vencedor do Prêmio Nobel de economia (2000) sobre investimento na primeira infância.

“Heckman fala que para cada dólar investido, você tem sete de retorno”, lembra. “A primeira infância faz isso porque traz melhorias para diversas camadas socioeconômicas, educação, saúde, a própria segurança pública e da geração de emprego em renda”.


Ao menos 400 crianças venezuelanas chegaram ao Brasil sozinhas
Ao menos 400 crianças venezuelanas chegaram ao Brasil sozinhas

Primeira infância é a fase mais importante do desenvolvimento pessoal humano – TV Brasil

Livres para brincar

A pesquisa procurou saber também quais práticas os entrevistados consideram mais importantes para o desenvolvimento infantil. A mais citada (96%) foi ensinar a respeitar os mais velhos, “superando outras ações que a ciência comprova como essenciais para o desenvolvimento infantil”, como conversar com a criança (88%), frequentar creche, pré-escola (81%) e deixá-la brincar (63%).

Para a diretora-executiva da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, o fato de o respeito aos mais velhos surgir no topo das respostas mostra baixa valorização da educação infantil e do brincar.

“A brincadeira é o eixo principal do que a base nacional comum curricular traz como fio condutor da aprendizagem na primeira infância. Você não pode sentar uma criança pequenininha em uma cadeira e escrever no quadro negro, você precisa do processo lúdico”, justifica.

Tempo de tela

A pesquisa do Datafolha identificou que as crianças na primeira infância passam, em média, duas horas assistindo televisão, celular, tablet ou computador. No caso de 40% das crianças, o tempo varia de duas a três horas.   

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que crianças de até 2 anos não tenham contato nenhum com telas. Entre 2 e 5 anos, máximo de uma hora por dia, sempre acompanhada por um adulto, “para que a interação aconteça”, completa Luz.

Mariana reconhece que muitas vezes a necessidade se impõe, “a pessoa não tem com quem deixar”. Ela sugere que uma forma de reduzir a exposição às telas seja incluindo a criança na rotina da casa. “Incluir na rotina de lavar a louça junto, de botar a roupa no varal”, exemplifica.

A diretora aponta também que é de responsabilidade do Estado a oferta de creches, o que deve ser cobrado pela sociedade.

“A responsabilidade dessa criança, pela Constituição, é minha, sua, é da família, é do Estado”, diz.

Em 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima do Poder Judiciário no Brasil, decidiu que é dever do Estado garantir vagas em creches e na pré-escola para crianças de até 5 anos de idade. 



Fonte: Agência Brasil

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Pé-de-Meia: pagamento da 8ª parcela começa nesta segunda

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O Ministério da Educação (MEC) inicia, nesta segunda-feira (27), o pagamento da oitava parcela aos participantes do programa Pé-de-Meia de 2025.

Os beneficiados pelo programa federal são os estudantes do ensino médio matriculados na rede pública regular e também na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), inscritos no Cadastro Nacional de Programas Sociais do governo federal (CadÚnico).

Para ter direito ao benefício, eles devem ter presença mínima de 80% nas aulas.

Nesta nova etapa, a Caixa Econômica Federal – responsável pela gestão dos recursos repassados pelo MEC – informa que, ao todo, cerca de 3,2 milhões de estudantes de escolas públicas receberão o benefício até a próxima segunda-feira (3).

Os nascidos nos meses de janeiro e fevereiro são os primeiros a receber o valor de R$ 200 correspondente ao incentivo-frequência às aulas.

Pagamento escalonado

O pagamento do incentivo-frequência ocorre até o dia 3 de novembro, conforme o mês de nascimento dos alunos que estão matriculados em uma das três séries do ensino médio na rede pública de ensino.

Confira o calendário:

– nascidos em janeiro e fevereiro recebem em 27 de outubro;

– nascidos em março e abril, em 28 de outubro;

– nascidos em maio e junho, em de 29 de outubro;

– nascidos em julho e agosto, em 30 de outubro;

– nascidos em setembro e outubro recebem em de 31 outubro;

– nascidos em novembro e dezembro, em 3 de novembro.

Depósitos

As parcelas da chamada poupança do ensino médio de 2025 são depositadas em uma conta poupança da Caixa Econômica Federal, aberta automaticamente em nome dos estudantes.

Se o estudante tiver 18 anos ou mais, a conta já estará desbloqueada para movimentação imediata do valor recebido pelo incentivo-frequência. O banco avisa que é possível solicitar de forma gratuita o cartão Pé-de-Meia no aplicativo Caixa Tem, o que permite o uso dos recursos financeiros em compras e pagamentos.

Se o participante desejar, o valor também pode ser sacado nos terminais de autoatendimento, mesmo sem o cartão – apenas com o uso da identificação biométrica previamente cadastrada.

No caso de menor de idade, será necessário que o responsável legal autorize a movimentação da conta. O consentimento poderá ser feito no próprio aplicativo ou em uma agência da Caixa.

O participante poderá consultar no aplicativo Jornada do Estudante do MEC informações escolares, regras do programa e status de pagamentos (rejeitados ou aprovados).

As informações relativas ao pagamento também podem ser consultadas no aplicativo Caixa Tem ou no aplicativo Benefícios Sociais.

Incentivos

A chamada Poupança do Ensino Médio tem quatro tipos de incentivo financeiro:

incentivo-matrícula: por matrícula registrada no início do ano letivo, valor pago uma vez por ano, no valor de R$ 200;

incentivo-frequência: por frequência mínima escolar de 80% do total de horas letivas. Para o ensino regular, são nove parcelas, durante o ano, de R$ 200.

incentivo-conclusão: por conclusão e com aprovação em cada um dos três anos letivos do ensino médio e participação em avaliações educacionais, no valor total de R$ 3 mil. O saque depende da obtenção de certificado de conclusão do ensino médio;

incentivo-Enem: paga após a participação nos dois dias do Exame Nacional do Ensino Médio, no ano em que o estudante conclui o 3º ano do ensino médio. Os R$ 200 são pagos em parcela única.

Dessa forma, a soma do incentivo pode alcançar R$ 9,2 mil por aluno, no fim do 3º ano do ensino médio.

Pé-de-Meia

Criado em 2024, o programa do governo federal é voltado a estudantes de baixa renda do ensino médio da rede pública.  A iniciativa funciona como uma poupança para promover a permanência e a conclusão escolar nessa etapa de ensino.

Saiba aqui quais são os requisitos para ser inserido no programa.

O MEC esclarece que não há necessidade de inscrição. Todo aluno que se encaixa nos critérios do programa é incluído automaticamente na iniciativa do governo federal.

Para tirar dúvidas sobre o programa Pé-de-Meia, o Ministério da Saúde criou um site com perguntas e respostas. Confira aqui.  



Fonte: Agência Brasil

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PND 2025: questão discursiva aborda idadismo como desafio social

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A questão discursiva da Prova Nacional Docente (PND), aplicada neste domingo (26), abordou o idadismo como desafio social e educacional no Brasil.

O idadismo, também conhecido como etarismo, é um termo que define o preconceito, estereótipo e/ou discriminação contra indivíduos ou grupos com base na sua idade.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou que o enunciado da questão destaca o conceito do idadismo, a importância de combater estereótipos e práticas discriminatórias baseadas na idade e de promover a integração entre diferentes gerações no ambiente escolar. O texto foi extraído do Relatório Mundial sobre o Idadismo de 2023, produzido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

O texto a ser elaborado pelo candidato deve abordar os efeitos das diferenças entre gerações no contexto escolar.

Como solução para o problema, o participante da PND deve apresentar, ao menos, uma atividade de combate ao idadismo e que promova a integração intergeracional nas unidades de ensino.

Textos motivadores

Para auxiliar na construção do texto discursivo, os mais de 1,08 milhão de inscritos na prova chamada de CNU dos Professores tiveram como suporte textos motivadores ou de apoio. O conjunto de materiais que acompanha a proposta da prova discursiva tem a principal função de fornecer o recorte temático e contextualizar o candidato sobre o assunto que ele precisa desenvolver.

Entre os texto disponibilizados neste domingo está o 22º artigo do Estatuto do Idoso, que propõe a inserção de conteúdos sobre envelhecimento e valorização da pessoa idosa nos currículos escolares.

Outro texto a que os participantes da PND tiveram acesso é um trecho da obra À Sombra Desta Mangueira, do pedagogo e educador Paulo Freire (1921-1997), publicado em 1995, a partir dos manuscritos de próprio punho do autor. O texto reflete sobre a juventude e a velhice como atitudes diante da vida e da aprendizagem.

Prova objetiva

Além da questão discursiva, os participantes também respondem a questões objetivas de formação geral docente e do componente específico das 17 áreas da licenciatura.

De acordo com o edital da PND 2025, a parte da prova com conteúdo de formação geral inclui 30 questões objetivas e uma discursiva, elaboradas a partir de temas ligados à formação de um professor.

A parte específica conta com 50 questões de múltipla escolha, voltadas ao conteúdo e às habilidades próprias de cada uma das licenciaturas. São elas: artes visuais; ciências biológicas; ciências sociais; computação; educação física; filosofia; física; geografia; história; letras (inglês); letras (português); letras (português e espanhol); letras (português e inglês); matemática; música; pedagogia e química.

A prova tem a mesma matriz da avaliação teórica do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) das Licenciaturas, que, desde a sua edição, em 2024, foca nos cursos de formação docente.

Com duração de cinco horas e 30 minutos, o término ocorreu às 19h, no horário de Brasília.

PND

A Prova Nacional Docente (PND) não é uma certificação pública para o ofício de professor, também não é um concurso.

O exame, criado pelo Ministério da Educação (MEC) para avaliar o nível de conhecimento e a formação dos futuros professores das licenciaturas, tem o objetivo de auxiliar estados e municípios a selecionarem professores para as suas redes de ensino.

O MEC quer, por meio da Prova Nacional Docente, estimular a realização de concursos públicos e aumentar o número de professores efetivos nas redes de ensino do Brasil.

A prova será realizada anualmente pelo Inep. A iniciativa faz parte do programa Mais Professores para o Brasil, que reúne ações de reconhecimento e qualificação do magistério da educação básica e de incentivo à docência no país.



Fonte: Agência Brasil

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Melhorar a educação: veja histórias de professores que fazem a PND

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Mais de 1,08 milhão de inscritos participam, desde as 13h30 deste domingo (26), da primeira edição da Prova Nacional Docente (PND) em todo o país. A prova é etapa obrigatória para quem conclui um curso de licenciatura em 2025 e também para os professores que querem usar a nota do exame em um processo seletivo de docentes, feito por estados e municípios que aderiram ao chamado CNU dos Professores.

A prova tem a duração de 5 horas e 30 minutos e terminará às 19h, no horário de Brasília. Os candidatos, no entanto, podem deixar a sala de aplicação do exame após duas horas do início.

No Distrito Federal, um dos candidatos da PND é Francisco Gilvar Pereira da Silva, filho de um casal de analfabetos do Piauí. Aos 56 anos, ele concluirá o curso de letras – português em dezembro, sua segunda graduação. A vida nunca foi fácil para Francisco, que começou a trabalhar aos 7 anos como auxiliar no carregamento de areia e madeira de caminhões em Amarante (PI). A vinda para Brasília foi motivada pelo serviço militar. Mas, foi como auxiliar de limpeza, em uma escola privada de Brasília, e a proximidade com o meio acadêmico que a vontade de ser professor foi despertada em Francisco.


Brasília (DF), 26/10/2025 - Francisco Gilvan aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasília (DF), 26/10/2025 - Francisco Gilvan aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Francisco Gilvar aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dentro da instituição de ensino, ele galgou posições até o cargo de auxiliar administrativo, o que o influenciou na escolha do primeiro curso, o de administração. Ele foi o primeiro integrante da família a ter um curso superior, mas faltava algo para realizar o sonho. Então, conquistou uma bolsa de estudos e correu atrás do sonho de cursar a licenciatura que mais tem familiaridade com as letras, aquelas que seus parentes não conheciam. Os pais falecidos não terão a oportunidade de ver o filho com diploma na mão. Mas é para a terra natal que ele quer voltar para fazer a diferença na educação de outros “Franciscos e Franciscas”, como foi um dia em Amarante.

“Sinto uma emoção grande porque tenho vontade de retornar para o meu estado para dar oportunidade àqueles que não têm condições [de estudar], como eu não tive. E para ensinar, passar o meu conhecimento e um pouco da minha experiência para a frente. Será gratificante.”

Um sonho

Outro candidato no Distrito Federal, o indígena da etnia Marubo, Edinácio Silva Vargas, de 32 anos, aguardava o momento de cruzar o portão do Centro de Ensino Médio Paulo Freire, na Asa Norte, centro da capital federal, para fazer a Prova Nacional Docente. Ele contou à reportagem da Agência Brasil que desde que saiu da Terra Indígena (T.I.) Vale do Javari, em Cruzeiro do Sul (AC), tinha o sonho de ser professor de língua inglesa.

“Era um sonho antigo de querer falar outra língua. Ainda não estou fluente, mas falta pouco. Também penso nas perspectivas profissionais que o inglês pode proporcionar.”

Em sua trajetória de estudante, Edinácio se formou em gestão pública pela Universidade Estadual do Amazonas. Hoje, ele quer unir as duas formações superiores em benefício de seus futuros alunos.

“Com base nos últimos estágios obrigatórios que eu fiz, na licenciatura, eu quero dar apoio, mediar o conhecimento. Quero, com a minha profissão, ensinar, ajudar as pessoas, o que contribui na formação para a vida dos alunos. Eu gostei mesmo dessa ‘coisa’ de ajudar”, admite.

O exemplo arrasta

O futuro professor de educação física, Diego Lima, decidiu pelo exemplo. Como atleta paralímpico, o jovem conta que teve grandes mestres que lhe deram incentivo para competir. A dedicação desses professores o inspirou a ser um deles.

“Para mim, estar aqui, hoje, nessa última etapa, é muito gratificante, porque estou seguindo os grandes exemplos que tive.” Também é um orgulho para eles ver um aluno se formando e querendo ser um profissional assim como eles foram.”


Brasília (DF), 26/10/2025 - Diego Lima aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasília (DF), 26/10/2025 - Diego Lima aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Diego Lima aguarda para fazer a Prova Nacional Docente em Brasília. Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

Diego Lima nasceu com paralisia cerebral. Atualmente, além de estudante do último ano da graduação, ele é velocista cadeirante, depois de ter praticado atletismo, tênis e basquete de cadeira de rodas. A virada de chave na cabeça e no coração, que o fez pensar na docência, foi há dez anos.

Porém, a falta de recursos financeiros quase o fez abandonar a faculdade no meio do curso. Pelo Programa Atleta Cidadão, do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que tem o objetivo de estimular o desenvolvimento pessoal e profissional, Diego Lima voltou a estudar e quer alçar novos voos após se formar.

“Agora, estou na fase de querer fazer a diferença na vida de outros atletas. Quando estiver na carreira de professor, quero dar sequência, passar o que aprendi para os futuros alunos e dar o conhecimento que eles precisam.”

Para Maíra Araújo dos Santos, de 23 anos, moradora da cidade de Itapoã, no Distrito Federal, os comportamentos de uma professora de química chamada Marina, no ensino médio, a influenciaram a decidir pelo curso.

 “Se a gente parar para pensar, tudo ao nosso redor é química. Eu quero mostrar para os estudantes que essa área é muito mais do que uma matéria que vai dar medo, como a professora Marina me ensinou.

Munida de caneta preta para fazer a prova, Maíra confessa que antes mesmo de pensar em ser professora, ela faz a prova neste domingo porque precisa comprovar a presença para, enfim, ter o aguardado diploma. “Essa prova é do Enade das Licenciaturas. Então, para a faculdade liberar meu diploma, preciso fazer a PND.”


Brasília (DF), 26/10/2025 - Maíra Santos aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasília (DF), 26/10/2025 - Maíra Santos aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Maíra Santos conta que o comportamento de uma professora de química, no ensino médio, a influenciou para fazer o curso – Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os candidatos respondem às questões da PND neste domingo, que têm o conteúdo baseado na mesma matriz da avaliação teórica do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) das Licenciaturas, que, desde a sua primeira edição em 2024, tem foco nos cursos de formação docente,

Carreira do cuidado

Se Maíra quer, com urgência, concluir o curso de química, o objetivo de Solange Oliveira Braga, formada em pedagogia, é ser aprovada no concurso da Secretaria de Educação do Distrito Federal, autorizado neste mês e que vai ser realizado em 2026. “Já estou estudando, porque no ano que vem já vai ter concurso da Secretaria de Educação do DF. Estou nesse propósito. Pretendo dar aulas a crianças menores 5 anos.” A vocação para a educação infantil ela diz ter percebido ao cuidar dos irmãos pequenos, na cidade mineira de São Francisco.  “Você lembra da sua infância, do cuidado com os irmãos e de como é bom aquele contato com crianças. É o amor verdadeiro.”

O pontapé que faltava para lecionar veio da própria família. “Tenho parentes que atuam nessa área. Então, fui me espelhando neles. Por isso, a vida toda eu sempre falei: quando eu estudar, quero ser professora”

Profissão que forma todas as outras

A estudante Marcela Silva Vaz, de 31 anos, também concluirá o curso de licenciatura em 2025. Ao mirar na estabilidade do serviço público e no salário certo todo início de mês, Marcela pensa ainda nas crianças em situação de vulnerabilidade econômica e social.  “Há muitas crianças carentes e algumas escolas deixam muito a desejar. Quero ser um diferencial nisso tudo, trabalhando no primeiro ano do ensino fundamental, onde o saber começa com o ensino para ler e escrever.” 


Brasília (DF), 26/10/2025 - Marcela Silva Vaz aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasília (DF), 26/10/2025 - Marcela Silva Vaz aguarda a abertura dos portões para realização da Prova Nacional Docente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Marcela Silva Vaz quer trabalhar com crianças, no ensino fundamental – Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

Marcela explica que o professor da educação básica é o profissional que forma todos os outros.  

Sobre a realidade dentro de sala de aula, ela defende que as redes de ensino devem se adaptar melhor para o atendimento de estudantes neurodivergentes e com outras necessidades especiais. “Hoje em dia, há um número maior de crianças especiais nas escolas. Entendo que professores têm dificuldades e muitos não conseguem atingir bem o objetivo de ensinar, por diversos fatores. Mas aprendi a dar o meu máximo. Na escola, quero ser uma professora que dá a direção, em conjunto com a família. O professor tem que ter essa dedicação”.

Participantes

Segundo o Ministério da Educação (MEC), Brasília e demais cidades do DF aparecem na terceira posição entre as que têm maior número de inscritos (18.754), entre 1,08 milhão de inscritos. As primeiras colocações são do município de São Paulo (84.633), seguido pelo município do Rio de Janeiro (28.765). O estado com maior número de inscritos confirmados é São Paulo (253.895), seguido por Minas Gerais (97.113) e o Rio de Janeiro (72.230). 

Em relação às 17 áreas da licenciatura avaliadas neste domingo, a pedagogia liderou as inscrições na PND, com 560.576 pessoas confirmadas. Em segundo lugar, figura a área de letras – português, com 73.187 confirmações; seguida de matemática (72.530) e de educação física (65.911). 

A PND 

A PND será aplicada anualmente. A prova faz parte do programa Mais Professores para o Brasil, que reúne ações de reconhecimento e qualificação do magistério da educação básica e de incentivo à docência no país. 



Fonte: Agência Brasil

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