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Internacional

Caxemira: entenda guerra entre Paquistão e Índia que assustou o mundo

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A Caxemira é uma região montanhosa na Ásia de aproximadamente 220 mil quilômetros quadrados (km²) disputada entre Índia e Paquistão. A Índia controla 55% do território e o Paquistão, 30%. A China ainda possui 15% dessa área. Para entender a origem da guerra na Caxemira, a Agência Brasil consultou especialistas em relações internacionais e na história do subcontinente indiano.

De maioria mulçumana, a região foi palco de novo conflito entre Paquistão e Índia neste mês de maio, assustando o mundo para o risco de uma guerra de grandes proporções entre nações que possuem bombas nucleares. Até que um acordo de cessar-fogo suspendeu as batalhas.

Os combates ainda tiveram repercussão na indústria bélica global ao evidenciarem a superioridade dos caças chineses, usados pelo Paquistão, contra os caças franceses, utilizados pela Índia.

A guerra da Caxemira começou com o fim do período colonial em que a Inglaterra exercia o controle, desde o século 17, sobre a região então chamada Índias britânicas, que englobavam o atual território do Paquistão, da Índia e de Bangladesh.

 


Brasília (DF), 16/05/2025 - Arte para a matéria da região da Caxemira. Arte/Agência Brasil
Brasília (DF), 16/05/2025 - Arte para a matéria da região da Caxemira. Arte/Agência Brasil

Região da Caxemira – Arte/Agência Brasil

Raízes coloniais

Com a luta anticolonial liderada, entre outros, por Mahatma Gandhi, Londres abandona o território em 1947, mas antes decide dividir a região pelo critério étnico-religioso: cria-se um Estado de maioria mulçumana, o Paquistão; e outro de maioria hindu: a Índia, que possui, ainda hoje, uma importante minoria mulçumana de cerca de 30%.

O especialista em geopolítica Ronaldo Carmona, pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), explicou que grupos armados mulçumanos questionam o poder de Nova Delhi na Caxemira indiana. Em consequência, desde a independência, uma série de conflitos eclodiram naquela região, em 1947, 1962, 1971, 1989, 1999 e agora, em 2025.


Tourists stand at a view point at Pir Chinasi, a tourist attraction in Pakistan-administered Kashmir, May 4, 2025. Reuters/Akhtar Soomro/Proibida reprodução
Tourists stand at a view point at Pir Chinasi, a tourist attraction in Pakistan-administered Kashmir, May 4, 2025. Reuters/Akhtar Soomro/Proibida reprodução

Com 220 mil km², região da Caxemira é disputada pela Índia e pelo Paquistão – Foto: Reuters/Akhtar Soomro/Proibida reprodução

“É outro resquício do período colonial. Antes de ir embora, o Lorde Mountbatten, que foi o último governador-geral britânico das Índias, assinou acordo com o Marajá da Caxemira reconhecendo a região como indiana. Com isso, a Índia argumenta que, do ponto de vista jurídico, a Caxemira é indiana”, disse.

Por outro lado, o Estado paquistanês utiliza o princípio étnico-religioso para reivindicar a Caxemira. “Como a maioria da população da região é mulçumana, essa lógica deveria ter sido seguida também na apropriação da Caxemira pelo Estado paquistanês. Esses são os argumentos básicos”, completou Carmona.

Especialista em relações internacionais com foco na Ásia, Pedro Emilio Polli Rebelo, ex-consultor da Câmara de Comércio do Brics, contou que, no período pós-independência, a Caxemira era governada por uma liderança hindu, mas com a população de maioria muçulmana, o que gerou conflitos internos.

“A população mulçumana começou a se rebelar e, com a repressão do governo local, os mulçumanos do lado paquistanês começaram a ajudar os da Caxemira, o que, por sua vez, levou o governante hindu a buscar auxílio da Índia. Aqui começou a disputa por aquela região”, destacou Rebelo.

O especialista, que também é diretor executivo da São Paulo Negócios, agência de promoção de investimentos e exportações, acrescentou que, em 1949, ocorreu um cessar-fogo mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU), com um acordo para divisão do território.

Em 1972, após outro conflito, foi firmado o Acordo de Ximelá, que levou à independência de Bangladesh, até então conhecida como Paquistão Oriental. Porém, os acordos não puseram fim ao conflito.

Água

A guerra da Caxemira tem entre seus objetivos, além do controle sobre a terra, o domínio sobre as águas. O pesquisador Pedro Rebelo, que ainda estudou ciência política na Universidade JiaoTong de Shanghai, na China, destacou que a Índia usa a ameaça de cortar o fornecimento de água ao Paquistão.


Kashmiri men catch fish as they sit next to parked
Kashmiri men catch fish as they sit next to parked

Homens da Caxemira pescam ao lado de barcos estacionados nas margens do Lago Dal – Foto: Reuters/Adnan Abidi/Proibida reprodução

“Numa questão estratégica, o Rio Hindu nasce na Índia, atravessa a Caxemira e corta o Paquistão de norte a sul até desaguar no Mar Arábico perto da cidade paquistanesa de Carachi, sendo o rio mais importante do país. Com isso, a Índia controla o fluxo de água para a região”, disse.

O pesquisador Ronaldo Carmona lembra que tanto a Índia quanto o Paquistão sofrem com escassez hídrica. “A Caxemira é colada no Himalaia e essas montanhas geram água. E também é uma região que tem minérios”, adicionou.

Conflito atual

O assassinato de mais de 30 turistas indianos por grupos armados da Caxemira – considerados terroristas por Nova Delhi e insurgentes por Islamabad – desencadeou o conflito deste ano, com retaliações dos governos nos dois lados da fronteira.

Para o especialista do Cebri, Ronaldo Carmona, as batalhas deste 2025 devem ser entendidas em um contexto mais amplo de mudanças geopolíticas globais com ascensão da China e a guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos (EUA).

“O mundo vive grande disputa em torno do que será a nova ordem mundial com o declínio da velha ordem surgida ao final da Guerra Fria. O contexto dessa guerra agora ocorre, ou decorre, desse grande conflito entre as superpotências”, comentou Carmona.

Ele avalia que os países, sobretudo os que têm capacidade militar e, nesse caso, capacidade nuclear, medem poder no cenário global. “Inclusive, eles desenvolveram armas nucleares por causa dessa disputa pela Caxemira. A guerra toma corpo de um conflito quase que existencial entre eles”, acrescentou.

Aviões chineses

As batalhas recentes entre os dois países repercutiram na indústria armamentista mundial. Isso porque os combates sugeriram a superioridade do caça de guerra chinês, chamado de Dragão Vigoroso e usado pelo Paquistão, contra os caças de guerra franceses Rafale, usados pela Índia, que viu cinco das suas aeronaves derrubadas pelos equipamentos vendidos por Pequim.

Pedro Rebelo destacou que os caças franceses são percebidos mundialmente pela sua alta qualidade em combate. “Contudo, devido às baixas francesas, as ações da Dassault caíram junto”, comentou.

O pesquisador Ronaldo Carmona acrescentou que as batalhas deste mês foram uma espécie de laboratório das capacidades militares chinesas, que tem relações próximas com o Paquistão.

“A China mantém, até hoje, certa rivalidade com a Índia, apesar de serem países do Brics. Nesse sentido, a força aérea paquistanesa compra muito material da China. A consequência imediata foi que dispararam as ações da empresa chinesa AVIC Chengdu Aircraft, que fabrica o J-10”, disse.

Além dos caças J-10, foram testados instrumentos de guerra eletrônica, mísseis e sistemas de radar. “Tudo isso fornecido pela China. Agora, há todo um debate na Índia sobre essa vulnerabilidade militar”, completou.


Indian security personnel stand guard on a road outside the Haj House as pilgrims depart for Mecca for the annual pilgrimage to the holiest place for Muslims, in Srinagar, Indian Kashmir, May 14, 2025. Reuters/Sharafat Ali/Proibida reprodução
Indian security personnel stand guard on a road outside the Haj House as pilgrims depart for Mecca for the annual pilgrimage to the holiest place for Muslims, in Srinagar, Indian Kashmir, May 14, 2025. Reuters/Sharafat Ali/Proibida reprodução

Agentes de segurança indianos montam guarda enquanto peregrinos partem para Meca para a peregrinação anual ao local mais sagrado para os muçulmanos, em Srinagar, Caxemira indiana, em 14 de maio de 2025 – Foto: Reuters/Sharafat Ali/Proibida reprodução

Cessar-fogo

Um acordo de cessar-fogo foi costurado pelos Estados Unidos, dando fim aos combates entre a Índia e o Paquistão. Contudo, os especialistas ponderaram que a trégua é frágil, e o impasse permanece sem solução à vista.

Ronaldo Carmona destaca que, para ambos os países, a questão da Caxemira é uma causa nacional, independentemente do perfil e orientação do governo de Nova Delhi ou de Islamabad.

“Para essas sociedades, existe um consenso em torno dessa questão. É uma causa de Estado. Por isso, é uma questão que, sinceramente, não vejo resolução”, finalizou.

O especialista Pedro Rebelo avalia que, apesar de frágil, o cessar-fogo deve perdurar. “Até porque o potencial de dissuasão é altíssimo já que ambos os países têm armas nucleares”, concluiu.



Fonte: Agência Brasil

Internacional

Lula se reúne com Trump na Malásia e discute relações entre Brasil-EUA

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu neste domingo (26) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia. O encontro durou cerca de 50 minutos e ocorreu durante a realização da 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

Durante a reunião, Lula disse que não há razão para desavenças com os Estados Unidos e pediu a Trump a suspensão imediata do tarifaço contra as exportações brasileiras, enquanto os dois países estiverem em negociação. Em julho deste ano, Trump anunciou um tarifaço de 50% sobre todos os produtos brasileiros que são exportados para os Estados Unidos. Em seguida, ministros do governo brasileiro e do Supremo Tribunal Federal (STF) também foram alvo da revogação de vistos de viagem e outras sanções pela administração norte-americana. 

“O Brasil tem interesse de ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos. Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos, porque nós temos certeza que, na hora em que dois presidentes sentam em uma mesa, cada um coloca seu ponto de vista, cada um coloca seus problemas, a tendencia natural é encaminhar para um acordo”, afirmou o presidente.

Além dos presidentes, também participaram do encontro o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretario de Estado norte-americano, Marco Rubio.

Suspensão das tarifas

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, falou com a imprensa após o encontro e disse Trump autorizou sua equipe a iniciar as negociações para revisão do tarifaço ainda na noite deste domingo, no horário local da Malásia, 11 horas a frente do Brasil. 

“A reunião foi muito positiva, o saldo final é ótimo. O presidente Trump declarou que dará instruções a sua equipe para que comece um processo, um período de negociação bilateral, que deve se iniciar hoje ainda, porque é para tudo ser resolvido em pouco tempo”, afirmou o chanceler.

Admiração

Segundo Vieira, os presidentes tiveram uma conversa descontraída e Trump disse que admira a trajetória política de Lula.

“Trump declarou admirar o perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente da República, tendo sido perseguido no Brasil, se recuperado, provado sua inocência, voltado a se apresentar e, vitoriosamente, conquistando o terceiro mandato”, afirmou.

Visitas

O chanceler brasileiro também confirmou a intenção de Trump vir ao Brasil. A data ainda não está confirmada.

“O presidente Lula aceitou também e disse que irá, com prazer, aos Estados Unidos. Trump disse que admira o Brasil e que gosta imensamente do povo brasileiro”, comentou.



Fonte: Agência Brasil

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Internacional

Lula propôs ser interlocutor entre EUA e Venezuela, diz chanceler

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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse neste domingo (26) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se colocou à disposição para atuar como interlocutor entre os Estados Unidos e a Venezuela. 

Mais cedo, Lula se reuniu com presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia.

Segundo o chanceler brasileiro, Lula disse que a América do Sul é uma região de paz e que é necessário buscar soluções aceitáveis.

“O presidente Lula levantou o tema e disse que a América Latina e a América do Sul, onde estamos, é uma região de paz. E ele se prontificou a ser um contato, um interlocutor, como já foi no passado, com a Venezuela, para se buscar soluções que sejam mutuamente aceitáveis e corretas entre os dois países”, afirmou.

Nas últimas semanas, os Estados Unidos enviaram tropas terrestres e um porta-aviões para o Caribe. O governo Trump bombardeou embarcações, sob a justificativa de estar combatendo as rotas de narcotráfico que abastecem os Estados Unidos. Trata-se da mais recente operação da campanha antidrogas do presidente Donald Trump na região.

Para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, o reforço militar na região objetiva tirá-lo do poder.



Fonte: Agência Brasil

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Internacional

A empresários, Lula diz que mundo não aceita “nova Guerra Fria”

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo (26) que o mundo não aceita mais uma “nova Guerra Fria”. A declaração de Lula foi feita durante uma reunião com empresários em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

Ao defender o comércio e investimentos estrangeiros nos dois países, Lula disse que Brasil quer estar do lado de todos que querem fazem negócios.

“A Asean é um parceiro muito importante e tende a ser muito mais importante, porque o mundo de hoje não aceita mais uma nova Guerra Fria. Nós não queremos ficar disputando, como se disputou, a partir da Segunda Guerra Mundial, o que era do lado da Rússia, o que era do lado dos Estados Unidos. A gente não quer uma nova disputa do lado dos Estados Unidos, do lado da China. A gente quer estar do lado da China, dos Estados Unidos, da Malásia, da Indonésia, de todos os países do mundo que queiram fazer negócio conosco”, afirmou.

O presidente também defendeu a integração do Brasil com a América do Sul e disse que, desde seu primeiro mandato, em 2003, busca a ampliação de parcerias internacionais.

“Durante muito tempo, o Brasil esteve isolado na América do Sul. O Brasil olhava para a Europa e os Estados Unidos, e nós resolvemos tomar a decisão de que era preciso fazer o Brasil ter uma importância maior na geopolítica econômica e comercial”, completou.

Mais cedo, Lula se reuniu com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pediu a revogação do tarifaço norte-americano contra as exportações brasileiras.

A primeira reunião de negociação entre as diplomacias brasileira e norte-americana será realizada ainda neste domingo na Malásia.



Fonte: Agência Brasil

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